terça-feira, 26 de novembro de 2013

Análise ao primeiro terço do campeonato

Montero: Goleador de um Sporting revigorado
Concluídas as primeiras 10 jornadas do campeonato, importa destacar acima de tudo a competitividade que reina no cimo da tabela onde, ao contrário dos últimos anos - a excepção à regra foi 2011/2012 - o Sporting está colado ao Benfica e ao Porto.

Apesar do esforço que os responsáveis leoninos têm feito, no sentido de acalmar adeptos e comunicação social  quanto à questão da luta pelo título, a verdade é que a equipa está a realizar um dos melhores inícios de campeonato desde que foi adoptado o sistema dos três pontos por vitória. Para comparar com o passado mais recente, basta dizer que o Sporting o ano passado à décima ronda somava apenas 11 pontos.

Olhando para o percurso dos leões até agora, pode dizer-se que o empate com o Rio Ave, em casa, é a única pedra no sapato verde e branco, já que os resultados com o Porto (derrota fora) e Benfica (empate em casa) têm de ser considerados normais, dada a imprevisibilidade que sempre caracteriza esses confrontos.

No que diz respeito ao Benfica, verificamos que o conjunto encarnado conquistou até agora menos três pontos do que no ano passado, pecúlio para o qual contribuiu decisivamente a derrota na ronda inicial contra o Marítimo, na Madeira.

A partilha de pontos com o Belenenses, em casa, à 6.ª ronda, também não estava incluída nos planos da equipa de Jorge Jesus, que tem trabalhado "sobre brasas" depois da hecatombe que se abateu sobre as aspirações benfiquistas no final da época passada, em que num ápice o Benfica perdeu Campeonato, Liga Europa e Taça de Portugal.

Quanto ao Porto, por agora a ocupar o primeiro lugar da tabela, tem apenas menos dois pontos do que na época 2012/2013 mas está a transmitir muito menos segurança e solidez do que em anos anteriores.
Exemplos disso mesmo são os empates concedidos diante do Nacional (em casa) e do recém promovido Belenenses (fora), jogos marcados por erros defensivos nada habituais na estrutura azul e branca.

Tendo em conta o calendário que falta cumprir para terminar a primeira volta do campeonato, o Sporting pode ter mesmo alguma vantagem na corrida pelo primeiro lugar e pelo "pódio de Inverno" da Primeira Liga, isto se mantiver a mesma consistência que tem demonstrado.

É que os pupilos de Leonardo Jardim vão ter a oportunidade de disputar três dos cinco jogos em Alvalade, contra Paços de Ferreira, Belenenses e Nacional, e defrontar fora o Gil Vicente e Estoril.
Por outro lado, é preciso salientar que os jogadores verde e brancos não vão ser sujeitos ao mesmo desgaste que os seus rivais, já que não disputam as competições europeias e já foram arredados da Taça de Portugal.

Há ainda o pormenor da última jornada da primeira volta reservar um sempre importante e apetecível Benfica-Porto, que funcionará sempre a favor dos leões.

Dediquemos a última parte da nossa análise ao desempenho das contratações feitas pelos três grandes durante o defeso e também à escolha daquelas que têm sido as principais figuras deste início de campeonato.

No Sporting, o colombiano Montero, avançado móvel contratado aos americanos do Seatle Sounders, tem sido o grande destaque da equipa e mesmo da prova, com nove golos marcados e um contributo decisivo em muitos dos tentos do conjunto de Alvalade.

Num patamar diferente mas ainda assim surpreendente, estão os desempenhos do central brasileiro Maurício (ex. Sport Recife), do avançado argelino Slimani e do trinco William Carvalho, um luso-angolano formado no Sporting que regressou esta época depois de um período de maturação na Bélgica, ao serviço do Cercle Brugge.

No deve e haver das contratações de Verão, a nota negativa vai para os dividendos até agora retirados do defesa brasileiro Welder e do seu compatriota médio Gerson Magrão, que têm alternado entre o banco, a equipa B e a bancada, com poucos minutos de glória à mistura. Mas, para consolo dos sportinguistas e seus responsáveis, lembro que se trataram de aquisições baratas e que podem ser corrigidas a curto prazo.

No Benfica, o avançado sérvio Lazar Markovic tem sido o jogador mais entusiasmante para as hostes benfiquistas, com algumas boas actuações e alguns golos, com destaque para o slalom gigante efectuado em Alvalade, durante o "derby dos derbys".

A aposta no mercado sérvio foi um dos pontos mais marcantes do defeso encarnado mas, apesar das exibições do jovem oriundo do Partizan de Belgrado, o balanço até agora não pode ser considerado positivo. Uma das grandes esperanças de Jorge Jesus, Filip Djuricic, não tem conseguido expressar na Luz o talento que emprestava aos holandeses do Heerenveen, enquanto Sulejmani continua na sombra, à espera de merecer utilização mais frequente.

Mais acima, no FC do Porto, Paulo Fonseca demora a conseguir encontrar um posto para o jovem 10 colombiano Juan Quintero expressar as suas (visíveis) qualidades, ao mesmo tempo que as apostas mexicanas, Diego Reyes e Herrera, seguem actualmente caminhos opostos, um na equipa B e outro na A, Herrera ao que parece finalmente consolidado no onze.

A grande diferença em matéria de reforços é que as contratações de Benfica e Porto custaram muitos milhões de euros, e algumas não se têm revelado "dinheiro em caixa", antes encontram-se sim verdadeiramente "em caixa", na prateleira, como Ola John do lado dos encarnados (cerca de 9 milhões) e Reyes do lado azul e branco (6 milhões).

No fim é que se fazem as contas, como diz o ditado popular, e o que interessa acima de tudo, para o campeonato, para alimentar a paixão pelo jogo, para os adeptos de futebol. é que o suspense e a luta no cimo da tabela se mantenha renhida até ao fim.