segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Benfica e Porto apanham Sporting na frente

Leões travados pela falta de «um golo válido»
A competição no cimo da Liga continua ao rubro, desta vez com os três grandes novamente empatados na frente.
Benfica e Porto triunfaram sem grandes problemas diante de Vitória de Setúbal e Olhanense, respetivamente, enquanto o Sporting escorregou em casa frente ao Nacional da Madeira, num jogo onde a arbitragem esteve mais uma vez em foco pelos piores motivos, como tem acontecido sistematicamente desde o início da competição, um pouco por todo o país.
Deixando esse (crónico) problema para o comentário dos analistas e especialistas de arbitragem, vamos concentrar-nos no jogo jogado, que também forneceu muitas notas para dissecar.
Na cidade do Sado, o Benfica venceu mesmo tendo feito uma das piores primeiras partes (talvez mesmo a pior) da era Jorge Jesus, pois não conseguiu alvejar a baliza adversária uma única vez, segundo a contabilidade do canal televisivo responsável pela transmissão.
Mais do que o regresso do castigado JJ ao banco, a vitória do conjunto encarnado esteve na continuidade da boa forma de Rodrigo e de Lima, que marcaram os golos decisivos, e na boa actuação de Gaitan, visível no lance do 1-0, em que serviu com classe o hispano-brasileiro.
No Estádio do Dragão, em contraste com os rivais da Luz, os sócios e adeptos do Porto assistiram à melhor exibição azul e branca desta época, que culminou com um 4-0 a favor dos comandados de Paulo Fonseca.
Ao apostar no brasileiro Carlos Eduardo, o antigo técnico pacense terá descoberto a melhor forma de dar ordem (e ideias) ao meio campo e ataque do Porto e ganhou um balão de oxigénio para os compromissos difíceis que se avizinham, especialmente com o Sporting para a Taça da Liga e Benfica, na partida que vai fechar a primeira volta da Liga.
Dos três grandes, o Sporting era a equipa que antes da 14.ª jornada surgia com a conjuntura mais favorável, uma vez que tinha dois pontos de avanço sobre águias e dragões, jogava em casa e se ganhasse tinha a perspectiva de poder ver a sua vantagem alargada (sobre um ou sobre os dois rivais) na próxima ronda, pois Benfica e Porto têm encontro marcado na Luz no início de 2014.
No entanto, a equipa de Leonardo Jardim (e utilizando as palavras do técnico verde a branco) não conseguiu encontrar os melhores caminhos para "marcar um golo válido" ao Nacional, que surgiu em Alvalade de forma organizada e mostrou ter a lição bem estudada.
Um dos pontos fortes do jogo do Sporting este ano tem sido o jogo pelos flancos, com o constante envolvimento dos laterais - ciente disso mesmo, Manuel Machado pediu aos seus pupilos que procurassem fechar essa porta.
Tal como aconteceu frente ao Rio Ave, o Sporting demonstrou dificuldades em contrariar os obstáculos levantados ao seu plano de jogo e também não conseguiu suplantar o adversário na componente física.
A saída de André Martins - vítima de uma de várias entradas mais agressivas feitas pelos jogadores madeirenses - e a consequente mudança táctica alterada por Leonardo Jardim, com a entrada de Slimani e recuo de Montero, reforçou outra pecha do conjunto de Alvalade - a falta de um número 10 que transporte a equipa para o ataque, que a torne mais criativa e imprevisível.
De facto, depois da saída do pequeno mas talentoso médio-centro, houve um largo período de jogo em que o Sporting se revelou vazio de ideias, mesmo confuso nos seus processos. Depois, a partir dos 75 ou 80 minutos chegou o desespero, também favorecido pelo lance polémico em que o árbitro anulou um golo a Slimani.
Em resumo, se no que diz respeito a águias e a dragões, o problema está em conseguir potenciar a matéria-prima que existe, em abundância, no caso do Sporting, a questão está em identificar e ultrapassar limitações próprias de quem recentemente viveu (e ainda vive) uma situação económica e desportiva difícil, e que com pouco tem de fazer muito, para reequilibrar as contas e recuperar o prestígio.
Para o Benfica, o regresso à boa forma de peças como Lima, Rodrigo, Gaitan e Matic, mais a recuperação de Cardozo e de Sálvio, trazem aos sócios e adeptos uma janela de esperança para um ano mais feliz do que aquele que agora está a chegar ao fim.
Quanto ao Porto, a afirmação do já referido Carlos Eduardo, também de Herrera, a regularidade goleadora de Jackson e a possível entrada de Ricardo Quaresma, a juntar a toda a riqueza do plantel à disposição de Paulo Fonseca, também permitem vislumbrar um futuro risonho para o Dragão.
No caso do Sporting, a beleza está na capacidade de manter no topo do campeonato um plantel construído com base na formação e aproveitar a força de jovens como Rui Patrício, Cédric, André Martins ou Adrien, que querem fazer parte do projecto de um rei leão.
Mais do que ir ao mercado em busca do tal número 10 que faça a diferença, talvez a melhor solução para esse problema também já esteja dentro de casa, na Academia de Alcochete.
Quem acompanha a Segunda Liga não pode deixar de reparar no talento e na técnica de um miúdo açoriano chamado Iuri Medeiros, do Sporting B, que tanto a partir das alas como no centro tem desenhado algumas das mais bonitas peças de futebol da época 2013-14, quer através de golos de belo efeito quer também na forma precisa como serve os seus colegas de ataque.
A bem também do futebol português, talentos como este (ou de Bernardo Silva, no Benfica, e de Tozé no Porto) precisam de treinadores e dirigentes que tenham a coragem e a sagacidade de apostar neles - caso contrário, desanimam e perdem-se. Veja-se o caso de João Mário, onde é que tem estado?

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