segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Benfica e Porto apanham Sporting na frente

Leões travados pela falta de «um golo válido»
A competição no cimo da Liga continua ao rubro, desta vez com os três grandes novamente empatados na frente.
Benfica e Porto triunfaram sem grandes problemas diante de Vitória de Setúbal e Olhanense, respetivamente, enquanto o Sporting escorregou em casa frente ao Nacional da Madeira, num jogo onde a arbitragem esteve mais uma vez em foco pelos piores motivos, como tem acontecido sistematicamente desde o início da competição, um pouco por todo o país.
Deixando esse (crónico) problema para o comentário dos analistas e especialistas de arbitragem, vamos concentrar-nos no jogo jogado, que também forneceu muitas notas para dissecar.
Na cidade do Sado, o Benfica venceu mesmo tendo feito uma das piores primeiras partes (talvez mesmo a pior) da era Jorge Jesus, pois não conseguiu alvejar a baliza adversária uma única vez, segundo a contabilidade do canal televisivo responsável pela transmissão.
Mais do que o regresso do castigado JJ ao banco, a vitória do conjunto encarnado esteve na continuidade da boa forma de Rodrigo e de Lima, que marcaram os golos decisivos, e na boa actuação de Gaitan, visível no lance do 1-0, em que serviu com classe o hispano-brasileiro.
No Estádio do Dragão, em contraste com os rivais da Luz, os sócios e adeptos do Porto assistiram à melhor exibição azul e branca desta época, que culminou com um 4-0 a favor dos comandados de Paulo Fonseca.
Ao apostar no brasileiro Carlos Eduardo, o antigo técnico pacense terá descoberto a melhor forma de dar ordem (e ideias) ao meio campo e ataque do Porto e ganhou um balão de oxigénio para os compromissos difíceis que se avizinham, especialmente com o Sporting para a Taça da Liga e Benfica, na partida que vai fechar a primeira volta da Liga.
Dos três grandes, o Sporting era a equipa que antes da 14.ª jornada surgia com a conjuntura mais favorável, uma vez que tinha dois pontos de avanço sobre águias e dragões, jogava em casa e se ganhasse tinha a perspectiva de poder ver a sua vantagem alargada (sobre um ou sobre os dois rivais) na próxima ronda, pois Benfica e Porto têm encontro marcado na Luz no início de 2014.
No entanto, a equipa de Leonardo Jardim (e utilizando as palavras do técnico verde a branco) não conseguiu encontrar os melhores caminhos para "marcar um golo válido" ao Nacional, que surgiu em Alvalade de forma organizada e mostrou ter a lição bem estudada.
Um dos pontos fortes do jogo do Sporting este ano tem sido o jogo pelos flancos, com o constante envolvimento dos laterais - ciente disso mesmo, Manuel Machado pediu aos seus pupilos que procurassem fechar essa porta.
Tal como aconteceu frente ao Rio Ave, o Sporting demonstrou dificuldades em contrariar os obstáculos levantados ao seu plano de jogo e também não conseguiu suplantar o adversário na componente física.
A saída de André Martins - vítima de uma de várias entradas mais agressivas feitas pelos jogadores madeirenses - e a consequente mudança táctica alterada por Leonardo Jardim, com a entrada de Slimani e recuo de Montero, reforçou outra pecha do conjunto de Alvalade - a falta de um número 10 que transporte a equipa para o ataque, que a torne mais criativa e imprevisível.
De facto, depois da saída do pequeno mas talentoso médio-centro, houve um largo período de jogo em que o Sporting se revelou vazio de ideias, mesmo confuso nos seus processos. Depois, a partir dos 75 ou 80 minutos chegou o desespero, também favorecido pelo lance polémico em que o árbitro anulou um golo a Slimani.
Em resumo, se no que diz respeito a águias e a dragões, o problema está em conseguir potenciar a matéria-prima que existe, em abundância, no caso do Sporting, a questão está em identificar e ultrapassar limitações próprias de quem recentemente viveu (e ainda vive) uma situação económica e desportiva difícil, e que com pouco tem de fazer muito, para reequilibrar as contas e recuperar o prestígio.
Para o Benfica, o regresso à boa forma de peças como Lima, Rodrigo, Gaitan e Matic, mais a recuperação de Cardozo e de Sálvio, trazem aos sócios e adeptos uma janela de esperança para um ano mais feliz do que aquele que agora está a chegar ao fim.
Quanto ao Porto, a afirmação do já referido Carlos Eduardo, também de Herrera, a regularidade goleadora de Jackson e a possível entrada de Ricardo Quaresma, a juntar a toda a riqueza do plantel à disposição de Paulo Fonseca, também permitem vislumbrar um futuro risonho para o Dragão.
No caso do Sporting, a beleza está na capacidade de manter no topo do campeonato um plantel construído com base na formação e aproveitar a força de jovens como Rui Patrício, Cédric, André Martins ou Adrien, que querem fazer parte do projecto de um rei leão.
Mais do que ir ao mercado em busca do tal número 10 que faça a diferença, talvez a melhor solução para esse problema também já esteja dentro de casa, na Academia de Alcochete.
Quem acompanha a Segunda Liga não pode deixar de reparar no talento e na técnica de um miúdo açoriano chamado Iuri Medeiros, do Sporting B, que tanto a partir das alas como no centro tem desenhado algumas das mais bonitas peças de futebol da época 2013-14, quer através de golos de belo efeito quer também na forma precisa como serve os seus colegas de ataque.
A bem também do futebol português, talentos como este (ou de Bernardo Silva, no Benfica, e de Tozé no Porto) precisam de treinadores e dirigentes que tenham a coragem e a sagacidade de apostar neles - caso contrário, desanimam e perdem-se. Veja-se o caso de João Mário, onde é que tem estado?

quarta-feira, 11 de dezembro de 2013

Temos candidato?

Forte espírito de grupo tem estado na base do sucesso dos leões
De acordo com a imprensa desportiva, há mais de 9 anos que o Sporting não era líder isolado do campeonato à passagem da 12.ª jornada.
Alguns jornais vão ainda mais longe, dizendo que quem agarra a frente nesta fase da competição normalmente não deixa escapar o título.
Será assim relativamente aos leões? Ou este primeiro lugar não passa de uma realidade circunstancial, fruto do menor desempenho desportivo dos eternos rivais, e que mais tarde ou mais cedo irá regressar à "normalidade" dos últimos anos?
Existem dois factores que ajudam a mostrar que o Sporting está de facto diferente e que esta liderança não é fruto do acaso ou do azar alheio.
Em primeiro lugar, a forma organizada e eficiente como o clube está a ser comandado, quer por Bruno de Carvalho quer por Augusto Inácio e restante estrutura directiva.
Numa casa onde muitas vezes as decisões tomadas eram incompreensíveis, mesmo catastróficas algumas, aos olhos dos sócios e adeptos, agora pode-se dizer que o Sporting tem um rumo e uma gestão claramente definida.
Num clube onde a comunicação era caótica ou insuficiente, cheia de ruídos e de egos a quererem sobressair, agora existe um núcleo que fala a uma só voz e que (bem ou mal, aqui depende da opinião de cada um) procura defender os interesses de todo o grupo.
Em segundo lugar, o modo determinado, tranquilo e competente como a equipa de futebol liderada por Leonardo Jardim está a encarar a Liga, num ano de transição depois do inferno em que se transformou a época 2012/13.
Quem no início poderia dizer que um plantel formado a partir da prata da casa e onde as únicas grandes contratações foram um lateral esquerdo do Estoril (Jefferson), um central vindo da série B brasileira (Maurício) e um avançado oriundo do futebol americano mas que estava emprestado ao Milionários da Colômbia teria hipóteses de discutir o título?
No entanto, os jogos e os números têm demonstrado que sim, e têm mostrado também outra coisa muito importante - que este Sporting, suportado por um espírito de grupo muito forte,  lida bem com a pressão.
Ao contrário de outras épocas, em que a perspectiva de ultrapassar Benfica e Porto, de aproveitar os seus erros, de atingir o primeiro lugar, parecia que fazia o leão tropeçar na própria sombra, agora o grupo mostra que respira confiança e que quer agarrar todas as oportunidades.
Claro que pode-se dizer que estamos a falar de um grupo de jogadores a quem ninguém pediu títulos, a quem ninguém vai cobrar mais do que a obrigação de defender a honra e dignificar a camisola verde e branca em todos os jogos.
É verdade, mas é precisamente por isso que esta liderança deve ser destacada, porque os jogadores não se têm resignado ao papel que lhes reservaram no início, têm trabalhado para exceder as expectativas, têm dado provas de serem homens de carácter, ao contrário de outros que, estando em clubes com mais condições, parece que estão à espera que as vitórias lhes caiam no colo.
Resta saber agora como é que vai ser o comportamento do Sporting daqui para a frente, uma vez que ainda nem sequer atingimos a segunda metade da Liga.
Uma equipa que até agora não era levada muito a sério pelos seus rivais, que passava um pouco despercebida, vai agora ter de mostrar que ultrapassou de facto todas as barreiras psicológicas que consecutivamente a têm impedido de lutar pelo título.
A última grande prova, depois da organização e da determinação que têm sido demonstradas, será a da regularidade.

terça-feira, 3 de dezembro de 2013

A rábula da classificação

Sacrificar a verdade pela sobrevivência
Talvez movida simplesmente pelo instinto de sobrevivência, a comunicação social, que deveria ser isenta e imparcial, tem brindado o seu público, ao longo dos anos, com cada vez mais demonstrações de compadrio, de subserviência e de clubite aguda.
No caso da imprensa desportiva, o último acto veio a cena esta segunda-feira, tendo como actor principal o jornal Record, do conhecido benfiquista João Querido Manha (JQM), e como enredo a tabela classificativa da Liga.
Sporting e Benfica têm ambos 26 pontos, disputaram até agora apenas um jogo entre si, que acabou empatado a um golo, mas há um critério momentâneo que pesa claramente a favor dos leões: a diferença entre golos marcados e sofridos que no caso da turma de Alvalade é de +19 e no dos encarnados é de +12.
Se visitarmos o site da Liga Portuguesa de Futebol, entidade responsável pela organização do campeonato, verificamos que ela define os seguintes critérios de desempate entre as equipas:

a) Número de pontos alcançados pelos clubes empatados, no jogo ou jogos que entre si realizaram;
b) Maior diferença entre o número de golos marcados e sofridos pelos clubes empatados, nos jogos entre si;
c) Maior número de golos marcados no estádio do adversário, nos jogos realizados entre si;
d) Maior diferença entre o número de golos marcados e sofridos pelos adversários em toda a competição;
e) Maior número de vitórias em toda a competição;
f) Maior número de golos marcados em toda a competição

No entanto, o editor do jornal Record resolveu adoptar como critério fundamental as alíneas a, b e c, quando ainda falta disputar o jogo no Estádio da Luz. Mas não foi o simples esquecimento das regras que fez o senhor João Querido Manha defender esta ideia, foi simplesmente ter o entendimento de que colocando o Benfica líder na capa do jornal o faria vender mais cópias.
Porque é que eu digo que ele sabe as regras? Porque no seu editorial, JQM dá como exemplo a posição do Benfica no seu grupo da Liga dos Campeões dizendo que "podia ter ganhado por 10-0 em Bruxelas e nunca teria ultrapassado o Olympiacos". 
Se passarmos ao lado do óbvio erro de português, verificamos que aqui JQM já reconhece a importância de terem sido disputados dois jogos entre Benfica e Olympiakos, pois se contasse apenas o primeiro (do qual resultou um empate) a situação do clube encarnado poderia ser diferente.
E depois escrever coisas como "o primeiro critério de desempate numa prova de futebol é o número de pontos somados" quando Sporting e Benfica têm 26 pontos... ou que "se por acaso Benfica e Sporting tivessem empatado, quem estaria no primeiro lugar seria o Porto".
Claro, porque neste caso tem vantagem sobre o Sporting (porque ganhou, não porque empatou com golos em casa do adversário como se isto fosse uma eliminatória europeia) e... factor importante... ainda não jogou com o Benfica.
Mas o artigo de JQM não fica por aqui - como se fosse preciso mais, ainda diz que "se o campeonato terminasse hoje, o Benfica ficaria à frente, mas basta ao Sporting alcançar no Estádio da Luz um resultado melhor que o 1-1 da primeira volta para esta ordem se inverter". 
Então vamos esperar por esse jogo para utilizar esse critério, certo? Nesta altura, o Sporting não está em pé de igualdade nesta matéria, é como um campeonato onde o campeão é determinado só com um jogo e onde o seu único rival ainda não jogou.
"O Record é o único meio de comunicação que explica os critérios de desempate utilizados". Pois é, também o único que mostra descomplexadamente a sua cor clubística.

Rivais de Lisboa juntos na frente

Benfica e Sporting ao despique na Liga
Onze jornadas depois, uma visão pouco vista nestas últimas décadas... os dois rivais de Lisboa, Sporting e Benfica, partilham a frente do campeonato relegando para segundo plano o FC do Porto, crónico campeão desde há 30 anos para cá.
Sinal de recuperação encarnada, de retoma leonina ou de fraqueza azul e branca? Ainda é muito cedo para louvar o trabalho de Jorge Jesus e Leonardo Jardim ou para criticar a caminhada de Paulo Fonseca. Mas os números e exibições das equipas vão dando para já algumas pistas acerca dos pontos positivos e negativos dos três grandes, do que está bem e do que precisa de ser mudado para cada um dos concorrentes triunfar.
O Porto cedeu o primeiro lugar depois de soçobrar em Coimbra, diante de uma Académica que assumiu o risco de procurar a vitória e ganhou.
Uma lufada de ar fresco para um campeonato onde grande parte das equipas ditas "mais pequenas" limitam-se muitas vezes a jogar em bloco baixo, procurando retardar ao máximo o golo do adversário e à espera de um golo milagroso caído do céu.
No entanto, apesar do mérito dos estudantes, é preciso dizer que do outro lado esteve um dragão sem chama, sem arte nem engenho para contrariar as adversidades, pouco acutilante nas zonas de decisão e mais uma vez com falhas incríveis de finalização, como por exemplo na oportunidade que Mangala desperdiçou quase em cima da linha de golo ou no penalti desbaratado por Danilo.
Mais do que vítima dos erros do seu treinador, que parece não conseguir encontrar a fórmula correta a aplicar no meio campo e no ataque, o FC do Porto está a ser vítima de uma época mal preparada, onde grande parte das contratações não estão a corresponder às expectativas de Pinto da Costa e dos seus pares.
Herrera ou Defour não são nem nunca serão João Moutinho, um motor de meio campo que dava rotatividade ao jogo; Josué, apesar de ter um bom pé esquerdo, não faz esquecer James; Lucho mantém a classe mas não é eterno; Quintero é bom mas ainda tem muito para aprender (sobretudo na hora de soltar a bola) e nas alas Licá ou Ricardo não têm justificado a chamada, parecendo curtos para as necessidades e exigências de um candidato ao título.
Vem aí o mercado de Inverno e a administração da SAD portista vai ter oportunidade de corrigir os erros de casting e trazer (verdadeiras) mais-valias para dar ao dragão o poder de fogo que necessita.
Em Vila do Conde, Lima voltou aos golos e ajudou o Benfica a ultrapassar um adversário que nunca colocou verdadeiramente em causa a vitória encarnada.
Na ausência de Cardozo, o despertar do brasileiro pode revelar-se um factor fundamental para os pupilos de Jorge Jesus manterem a pedalada na frente, numa altura em que se aproxima o fim da primeira volta do campeonato.
Nota ainda para a subida de forma de Rodrigo que, depois de decidir o jogo em Bruxelas diante do Anderlecht, voltou a facturar desta vez diante da equipa de Nuno Espírito Santo.
Em Alvalade, após uma vitória sofrida e com estrelinha frente do Guimarães, na semana passada, a equipa de Leonardo Jardim fez desta vez um jogo consistente, pincelado com alguns momentos de espectáculo e goleou o Paços de Ferreira por quatro a zero.
Destaque para o regresso aos golos de Fredy Montero, que já não facturava há quatro jogos na Liga, para a afirmação de Cédric na direita da defesa e para mais uma demonstração de classe do "miúdo" William Carvalho, cada vez mais um esteio no meio campo leonino.
Ao contrário dos últimos anos, o leão respira saúde e, mais do que isso, mostra uma equipa bem trabalhada, com processos definidos, onde cada peça sabe onde é seu lugar e o que o treinador espera dela.

terça-feira, 26 de novembro de 2013

Análise ao primeiro terço do campeonato

Montero: Goleador de um Sporting revigorado
Concluídas as primeiras 10 jornadas do campeonato, importa destacar acima de tudo a competitividade que reina no cimo da tabela onde, ao contrário dos últimos anos - a excepção à regra foi 2011/2012 - o Sporting está colado ao Benfica e ao Porto.

Apesar do esforço que os responsáveis leoninos têm feito, no sentido de acalmar adeptos e comunicação social  quanto à questão da luta pelo título, a verdade é que a equipa está a realizar um dos melhores inícios de campeonato desde que foi adoptado o sistema dos três pontos por vitória. Para comparar com o passado mais recente, basta dizer que o Sporting o ano passado à décima ronda somava apenas 11 pontos.

Olhando para o percurso dos leões até agora, pode dizer-se que o empate com o Rio Ave, em casa, é a única pedra no sapato verde e branco, já que os resultados com o Porto (derrota fora) e Benfica (empate em casa) têm de ser considerados normais, dada a imprevisibilidade que sempre caracteriza esses confrontos.

No que diz respeito ao Benfica, verificamos que o conjunto encarnado conquistou até agora menos três pontos do que no ano passado, pecúlio para o qual contribuiu decisivamente a derrota na ronda inicial contra o Marítimo, na Madeira.

A partilha de pontos com o Belenenses, em casa, à 6.ª ronda, também não estava incluída nos planos da equipa de Jorge Jesus, que tem trabalhado "sobre brasas" depois da hecatombe que se abateu sobre as aspirações benfiquistas no final da época passada, em que num ápice o Benfica perdeu Campeonato, Liga Europa e Taça de Portugal.

Quanto ao Porto, por agora a ocupar o primeiro lugar da tabela, tem apenas menos dois pontos do que na época 2012/2013 mas está a transmitir muito menos segurança e solidez do que em anos anteriores.
Exemplos disso mesmo são os empates concedidos diante do Nacional (em casa) e do recém promovido Belenenses (fora), jogos marcados por erros defensivos nada habituais na estrutura azul e branca.

Tendo em conta o calendário que falta cumprir para terminar a primeira volta do campeonato, o Sporting pode ter mesmo alguma vantagem na corrida pelo primeiro lugar e pelo "pódio de Inverno" da Primeira Liga, isto se mantiver a mesma consistência que tem demonstrado.

É que os pupilos de Leonardo Jardim vão ter a oportunidade de disputar três dos cinco jogos em Alvalade, contra Paços de Ferreira, Belenenses e Nacional, e defrontar fora o Gil Vicente e Estoril.
Por outro lado, é preciso salientar que os jogadores verde e brancos não vão ser sujeitos ao mesmo desgaste que os seus rivais, já que não disputam as competições europeias e já foram arredados da Taça de Portugal.

Há ainda o pormenor da última jornada da primeira volta reservar um sempre importante e apetecível Benfica-Porto, que funcionará sempre a favor dos leões.

Dediquemos a última parte da nossa análise ao desempenho das contratações feitas pelos três grandes durante o defeso e também à escolha daquelas que têm sido as principais figuras deste início de campeonato.

No Sporting, o colombiano Montero, avançado móvel contratado aos americanos do Seatle Sounders, tem sido o grande destaque da equipa e mesmo da prova, com nove golos marcados e um contributo decisivo em muitos dos tentos do conjunto de Alvalade.

Num patamar diferente mas ainda assim surpreendente, estão os desempenhos do central brasileiro Maurício (ex. Sport Recife), do avançado argelino Slimani e do trinco William Carvalho, um luso-angolano formado no Sporting que regressou esta época depois de um período de maturação na Bélgica, ao serviço do Cercle Brugge.

No deve e haver das contratações de Verão, a nota negativa vai para os dividendos até agora retirados do defesa brasileiro Welder e do seu compatriota médio Gerson Magrão, que têm alternado entre o banco, a equipa B e a bancada, com poucos minutos de glória à mistura. Mas, para consolo dos sportinguistas e seus responsáveis, lembro que se trataram de aquisições baratas e que podem ser corrigidas a curto prazo.

No Benfica, o avançado sérvio Lazar Markovic tem sido o jogador mais entusiasmante para as hostes benfiquistas, com algumas boas actuações e alguns golos, com destaque para o slalom gigante efectuado em Alvalade, durante o "derby dos derbys".

A aposta no mercado sérvio foi um dos pontos mais marcantes do defeso encarnado mas, apesar das exibições do jovem oriundo do Partizan de Belgrado, o balanço até agora não pode ser considerado positivo. Uma das grandes esperanças de Jorge Jesus, Filip Djuricic, não tem conseguido expressar na Luz o talento que emprestava aos holandeses do Heerenveen, enquanto Sulejmani continua na sombra, à espera de merecer utilização mais frequente.

Mais acima, no FC do Porto, Paulo Fonseca demora a conseguir encontrar um posto para o jovem 10 colombiano Juan Quintero expressar as suas (visíveis) qualidades, ao mesmo tempo que as apostas mexicanas, Diego Reyes e Herrera, seguem actualmente caminhos opostos, um na equipa B e outro na A, Herrera ao que parece finalmente consolidado no onze.

A grande diferença em matéria de reforços é que as contratações de Benfica e Porto custaram muitos milhões de euros, e algumas não se têm revelado "dinheiro em caixa", antes encontram-se sim verdadeiramente "em caixa", na prateleira, como Ola John do lado dos encarnados (cerca de 9 milhões) e Reyes do lado azul e branco (6 milhões).

No fim é que se fazem as contas, como diz o ditado popular, e o que interessa acima de tudo, para o campeonato, para alimentar a paixão pelo jogo, para os adeptos de futebol. é que o suspense e a luta no cimo da tabela se mantenha renhida até ao fim.

quarta-feira, 20 de novembro de 2013

Já lá estamos!

Golos de Ronaldo fizeram a festa portuguesa
Portugal apurou-se para o mundial do Brasil graças a uma exibição de gala de Ronaldo e a um modelo de jogo onde a procura do golo foi um factor constante e decisivo.

O Friends Arena, estádio onde teve lugar a segunda mão do playoff, em Solna, foi de facto um espaço amigo e de boa memória para a nossa selecção, que entrou em campo concentrada e decidida a matar todas as esperanças dos nórdicos em seguirem viagem até solo canarinho.

No entanto, apesar da boa exibição portuguesa, com destaque também para Bruno Alves e Moutinho, não podemos esquecer o período de jogo entre o 0-1 e o 2-1, em que Ibrahimovic fez dois golos. São estes momentos, de desconcentração e de adormecimento que podem custar caro a Portugal na competição que se avizinha.

Depois de cumprido o dever de passar o playoff (a Suécia tem qualidades mas não está à nossa altura), é tempo de começar a preparar a competição e de estudar possíveis adversários. O sorteio da fase final está marcado para 6 de Dezembro e Portugal não será cabeça de série, tendo já ficado definido que será sorteado no pote 2.

Entre os oponentes que poderá enfrentar na fase de grupos estão equipas como o Brasil, Espanha, Alemanha, França, Argentina e Colômbia. Por outro lado, já sabe que não vai enfrentar pelo menos para já a Itália, a Holanda ou a Inglaterra.

Segundo as regras definidas, se quisermos traçar o melhor e o pior cenário para o sorteio do próximo mês, poderemos ter dois grupos ordenados desta maneira: Brasil, Portugal, França e México ou Suíça, Portugal, Argélia e Irão.

Em todo o caso, se a selecção das quinas mostrar a força e a crença que levou até à Suécia e se Ronaldo prolongar o seu momento de forma até ao Verão, todos os sonhos serão permitidos.

terça-feira, 19 de novembro de 2013

Explorar a necessidade de atacar

Objetivo: Bola nas redes de Isaksson
Portugal tem hoje uma etapa decisiva rumo ao mundial de futebol no Brasil. Uma etapa que terá de encarar com espírito de conquista, com coragem e atitude atacante, caso contrário poderá ver a sua presença na competição muito comprometida.

Apesar do 1-0 de Lisboa, a selecção "de todos nós" não pode cair na tentação de controlar ou defender o resultado, porque isso só irá dar trunfos aos suecos, não! O onze que Paulo Bento vai colocar em campo deve jogar com o resultado, sim, mas para explorar a necessidade do adversário de atacar, de virar o playoff.

No Estádio da Luz, a Suécia deixou a imagem de uma equipa arrumada, com um ataque perigoso, com Ibrahimovic à cabeça, mas também de um conjunto com uma defesa vulnerável, que abanava todas as vezes que Portugal recorria à velocidade. 

Só a velha pecha da nossa selecção, a finalização, impediu que o resultado fosse um pouco mais volumoso.
Com Ronaldo, Nani, Varela e Bruma, servidos por jogadores como Moutinho e Raúl Meireles, não pode haver dúvidas, o caminho para o mundial tem apenas um sentido, o da baliza nórdica. E quantos mais golos, melhor!